A origem do preconceito contra o nordestino e as consequências desse estigma no ambiente de trabalho foi abordado na tarde de quarta-feira (12), dia da abertura do 12º Encontro Institucional da Magistratura do Trabalho do Rio Grande do Norte, em um debate que contou com a participação do escritor e jornalista potiguar Octávio Santiago e da professora Patrícia Borba Vilar Guimarães (UFRN), com mediação do desembargador Eridson Medeiros, diretor da EJUD.
O evento integrou as atividades do encontro, cujo tema central é “A Magistratura como protagonista na valorização institucional: desafios em tempos de políticas judiciárias e inteligência artificial”.
Como parte da programação, magistrados e magistradas do tribunal, bem como participantes de outros estados, puderam acompanhar painéis, oficinas e debates com especialistas, promovendo uma troca de experiências. O evento acontece entre os dias 12 e 14 de novembro na sede da Escola Judicial do Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região (TRT-RN).
Preconceito e trabalho
Durante sua fala, Octávio apresentou as principais linhas de sua pesquisa — que originou o livro “Só sei que foi assim: A trama do preconceito contra o povo do Nordeste” — e chamou atenção para a necessidade de compreender a gênese do preconceito contra o nordestino como condição para enfrentá-lo.
Para ele, o preconceito contra o povo nordestino “partiu de uma construção artística, discursiva e política” e que “as mesmas linhas escritas há mais de cem anos” ainda reverberam no presente.
“Na hora que a gente ilumina esse tema, a gente consegue simular o conhecimento e enfrentar o preconceito. Já está mais do que na hora do Brasil rever a maneira como enxerga a nós, nordestinos.”
Em sua pesquisa, Santiago aborda a origem histórica dos estereótipos contra essa população, que sempre foi vinculada a discursos de inferiorização social, racialização e à construção de um “outro” regional no Brasil.
“A persistência desses estigmas até hoje deságua no ambiente de trabalho, por exemplo, no momento de acesso a oportunidades e reconhecimento”.
De acordo com o escritor, é preciso “criar um movimento que mude essa visão e ultrapasse a caricatura e a monotematização do Nordeste, considerando sua diversidade, protagonismo e contribuição para o Brasil contemporâneo”, disse ele.
Fonte: TRT RN

