
Nesta sexta-feira (3), o Rio Grande do Norte celebra com feriado estadual a memória dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu, figuras centrais da fé católica e da história potiguar. A data remonta a 1645, quando cerca de 30 fiéis foram mortos em massacres motivados por conflitos religiosos durante as invasões holandesas no Brasil.
Os episódios ocorreram nas localidades de Cunhaú (atualmente distrito de Canguaretama) e Uruaçu (em São Gonçalo do Amarante), marcando um dos momentos mais violentos da presença holandesa no Nordeste. Os ataques, promovidos por calvinistas holandeses, tinham como alvo a população católica da região, em um contexto de intolerância religiosa e disputa pelo controle político e econômico do território.
Entre os mortos, destacam-se o padre André de Soveral e o leigo Mateus Moreira, que, segundo relatos históricos, teve o coração arrancado enquanto exclamava: “Louvado seja o Santíssimo Sacramento.”
Reconhecendo o martírio desses fiéis, o Vaticano canonizou os 30 mártires em 15 de outubro de 2017, durante cerimônia conduzida pelo Papa Francisco, na Praça São Pedro, em Roma. Foi a primeira canonização de santos nascidos no Brasil, representando um marco para a Igreja Católica no país e, em especial, para o povo potiguar.
A data de 3 de outubro foi instituída como feriado estadual no Rio Grande do Norte em homenagem aos mártires de Uruaçu, reafirmando o valor histórico e espiritual do episódio. Todos os anos, celebrações religiosas e culturais são realizadas em memória das vítimas, especialmente nas cidades onde os massacres ocorreram.
A canonização oficializou os Mártires de Cunhaú e Uruaçu como padroeiros do Rio Grande do Norte, reforçando a devoção popular que já perdurava por séculos. Para a comunidade católica, o feriado é mais do que um dia de descanso: é um momento de reflexão sobre fé, resistência e identidade.