Dia Mundial da Contracepção: Mais de 55% das gestações no Brasil não são planejadas
Foto: Divulgação

Um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz indica que mais de 55% das gestações no Brasil não são planejadas. Entre as adolescentes, esse índice salta para mais de 80%, trazendo uma série de riscos à saúde e impactos socioeconômicos.

Diante de cenários como esse, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu o dia 26 de setembro como o Dia Mundial da Contracepção. Nos Hospitais Universitários vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), profissionais trabalham para garantir que homens e mulheres escolham quando e se querem ter filhos.

Riscos da gravidez não planejada

Uma gravidez não planejada, principalmente na adolescência, traz consigo uma série de riscos. Do ponto de vista médico, podem ocorrer complicações como eclâmpsia, anemia, infecções e até mesmo morte materna ou neonatal. Além dos perigos à saúde, os impactos sociais são significativos.

A ginecologista da Maternidade Escola Januário Cicco, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Mejc-UFRN), Maria Da Guia De Medeiros Garcia, explica que o planejamento é fundamental para o casal.

“Quando o casal tem um planejamento, tudo é mais simples: fazer o pré-natal, preparar a recepção do bebê, organizar o enxoval, pensar nos cuidados e na educação da criança. Quando não é planejado, tudo chega de repente, o que tem um impacto importante na educação e na saúde dessa criança”, contextualiza a médica.

Acesso aos métodos contraceptivos

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece uma variedade de métodos, como pílulas, preservativos masculinos, anticoncepcionais injetáveis e laqueadura. No entanto, o acesso aos métodos mais modernos e de longa duração (LARCs) ainda é um desafio.

“Temos limitações. Atualmente, existem dois métodos muito bons, o Implanon e o DIU Mirena, mas eles ainda não são disponibilizados aqui na maternidade”, reforçou Maria Da Guia.

A expectativa para mudar essa realidade está na recente ampliação anunciada pelo Ministério da Saúde (MS), que passará a distribuir o Implanon, um implante subcutâneo que é inserido no braço da mulher e tem duração de três anos. O dispositivo já está sendo ofertado e implantando em alguns hospitais da Ebserh. Na rede privada, ele pode custar entre R$ 2 mil e R$ 4 mil. A previsão do MS é distribuir 1,8 milhão de unidades até 2026, com 500 mil ainda este ano.

Atenção individualizada

O acesso ao ambulatório de planejamento familiar da Mejc ocorre por meio de encaminhamento da atenção básica, a partir de consulta marcada pelo sistema de regulação do estado (SISREG). A escolha do método contraceptivo é feita de forma individualizada, em acordo entre a paciente e o médico. “Explicamos os benefícios e riscos de cada método, e a paciente decide. A maior parte das pacientes que vêm ao nosso ambulatório vem em busca de colocar o DIU de cobre”, detalhou a ginecologista.

Ela também ressaltou que na Mejc são realizadas laqueaduras em pacientes a partir de 21 anos, sem a necessidade de ter filhos. “O procedimento também pode ser feito após o parto, desde que a mulher expresse esse desejo com 60 dias de antecedência”, destacou.

A ampliação do acesso a informações e a uma gama diversificada de métodos contraceptivos é considerada por especialistas como um caminho crucial para reverter os altos índices de gravidez não planejada no país.

*Por Paulina Oliveira, com revisão de Danielle Campos.

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