Mais de 500 jovens entre 14 e 24 anos participaram, na última quarta-feira (10), do I Mutirão da Aprendizagem do Rio Grande do Norte, uma iniciativa inédita do Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região (TRT-RN) em parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT-RN) e o Ministério do Trabalho e Emprego.
O evento aconteceu ao longo de todo o dia no Instituto Dom Bosco, reunindo empresas, entidades formadoras e jovens em busca da primeira oportunidade de emprego e qualificação profissional.
A ação integra o Programa de Combate ao Trabalho Infantil e Estímulo à Aprendizagem da Justiça do Trabalho e contou com oficinas sobre elaboração de currículo, postura profissional, preparação para entrevistas, comunicação e empregabilidade, além de processos seletivos conduzidos por empresas, com cerca de 600 ofertas de emprego.
O desembargador Eridson Medeiros, gestor regional do Programa de Combate ao Trabalho Infantil do TRT-RN, destacou o caráter social da iniciativa. Para ele, “o mutirão é uma forma de acolher jovens que buscam ingressar no mercado de trabalho de maneira protegida e legal. As empresas têm obrigação legal de cumprir a cota de aprendizagem, e eventos como este aproximam quem precisa da oportunidade de quem deve oferecê-la”. O magistrado celebrou a grande adesão: “É um sucesso absoluto, um ato de cidadania que contribui para uma sociedade mais justa e solidária”.
A juíza Stella Autran, também gestora do programa, reforçou que o objetivo central do mutirão foi conectar jovens e empresas — especialmente aquelas que ainda não cumprem integralmente a cota de aprendizes.
“Muitas empresas alegam não encontrar jovens para preencher as vagas, enquanto muitos jovens não sabem como acessar essas oportunidades. Nosso papel é promover esse encontro”, explicou. Ela lembrou que o contrato de aprendizagem pode ser firmado a partir dos 14 anos e segue até os 24, garantindo formação e vínculo formal.
Também na gestão do programa pelo TRT-RN, a juíza Marcela Alves destacou o aspecto transformador da iniciativa: “O Judiciário sai dos seus muros e se torna agente ativo de inclusão social. A aprendizagem permite que o jovem ingresse no mundo do trabalho, mantendo-se na escola e longe da informalidade. Após o contrato, muitos conseguem sua primeira colocação formal”, pontua.
O procurador do trabalho Luís Fabiano ressaltou o potencial de ampliação do programa no estado: “Hoje temos 8.700 jovens em contratos de aprendizagem, mas poderíamos ter até 12 mil. Continuaremos atuando para que todas as vagas previstas em lei sejam efetivamente ocupadas”.
Expectativas de futuro
No espaço de seleção, jovens como Ruan Barros, de 18 anos, viram no mutirão uma chance concreta de iniciar a vida profissional. Recém-formado no ensino médio, ele contou que busca a primeira experiência formal: “Estou aberto a todas as possibilidades e até aos ‘nãos’, porque fazem parte. Quero trabalhar para pagar meus estudos e seguir para Psicologia. Acho que já começo a desenhar o meu futuro.”
A estudante Jadiane Fernandes, também de 18 anos, revelou que buscava a primeira oportunidade com carteira assinada: “Vim em busca do meu primeiro emprego. Já fiz cursos e aprendi mais sobre como me comportar em entrevistas. Fico nervosa, mas quero conciliar trabalho com o Enem para cursar Odontologia.”
Mãe de Maria Eduarda, de 14 anos, Emanuelle Neri disse que partiu da filha a ideia de ir ao Mutirão. “Ela viu no Instagram da Casa Maria Montenegro, e viemos juntas em busca dessa oportunidade. Eu mesma não tive na idade dela, pois fui mãe muito nova. Quero que isso seja o começo da vida profissional dela, que consiga fazer faculdade e se formar. Bola para frente”. Portas abertas
Empresas presentes realizaram entrevistas, cadastros e pré-seleções. A analista de atração Jéssica Pinheiro, da Teleperformance, informou que a empresa no qual trabalha estava com diversas vagas abertas: “Temos oportunidades para jovens aprendizes em Parnamirim e São Gonçalo. Exigimos 18 anos e ensino médio completo. Hoje são 78 vagas disponíveis, com previsão de ampliar ainda mais em 2026.”
Além das instituições parceiras, o I Mutirão da Aprendizagem do Rio Grande do Norte contou com apoios do Centro Educacional Dom Bosco, que sediou o evento, o INFOCA (Instituto Estadual de Erradicação do Trabalho Infantil), Casa Irmã Lúcia Montenegro , CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola), SENAC RN, Casa Jovem Aprendiz, Instituto Euvaldo Lodi – IEL RN. Entre as empresas que ofertaram vagas estavam Interfort, Ster Bom, Servnews, Trampolim da Vitória, Clarear, JMT , Nordestão e Teleperformance. Também apoiaram a ação Sidore, Pittisburg, e Loucos por Coxinhas.
